É possível aprender inglês na terceira idade?

Para aqueles que não tiveram a oportunidade de aprender na infância ou até mesmo adulto, durante a ascensão na carreira profissional, será que ainda é possível aprender um inglês na terceira idade?

Claro que sim! Aprender um novo idioma é enriquecedor em qualquer fase da vida.

Pesquisa indica que aprendizado é muito benéfico

A dissertação da Mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília (2012), Lúcia Maria de Moura Chagas Barroso, mostrou que, em termos de benefícios, a aprendizagem da língua inglesa é significativa para o idoso, tanto no aspecto cognitivo quanto no aspecto emocional. Quanto ao aspecto cognitivo, de acordo as entrevistas realizadas durante o estudo, a aprendizagem de um novo idioma contribui para ativar e exercitar as capacidades de memorização.

Já no que diz respeito ao aspecto emocional, os resultados evidenciam que, para o aluno com idade avançada, o estudo e a aprendizagem de uma língua estrangeira, no caso, a língua inglesa, contribui para que os níveis de autoestima, autovalorização e autoconceito se elevem, principalmente em relação às dificuldades de aprendizagem decorrentes da faixa etária em que se encontra esse aluno.

Dissertação

Título:   Aprendizagem de inglês na terceira idade: motivações, benefícios e dificuldades

Autor:   Barroso, Lúcia Maria de Moura Chagas

UCB – Universidade Católica de Brasília

Motivações para estudar inglês na terceira idade

Turma de Inglês Sênior do Senac Lindoa (Porto Alegre) com o docente Fernando Bittencourt.

Para o professor de inglês das escolas Senac Centro Histórico e Lindóia, Fernando Bittencourt, quando falamos em inglês para a terceira idade, o primeiro ponto que precisamos ter em mente é a motivação que traz o aluno para a sala de aula.

“A motivação é anterior à aprendizagem e, ao mesmo tempo, é a chama que mantém este processo em andamento. Diferentemente de alunos mais jovens – que têm motivações externas como trabalho, carreira ou até os próprios pais – os alunos seniores estão ali apenas porque querem, e por razões absolutamente suas”, explica Bittencourt.

Desejo de viajar, exercício da memória e vida social

De acordo com a minha experiência do docente, as principais motivações que levam alunos seniores às salas de aula são o desejo de viajar com autonomia e independência, a possibilidade de visitar filhos ou outros parentes que moram no exterior sem depender dos outros e o exercício da memória e da cognição.

“E essas motivações devem ser atendidas, observadas e nutridas durante todo o processo de estudo. E uma vez iniciada a jornada de estudos, este público acaba por desenvolver um grupo social entre os seus pares, e a aula deixa de ser uma atividade unicamente educativa e passa a adquirir um viés social importante, e que deve ser igualmente alimentado”, esclarece.

O que é importante no aprendizado do aluno da terceira idade?

A estrutura e a segurança são importantes para esse aluno. Ter materiais estruturados que oportunizem a retomada constante, uma vez que são sempre alunos estudiosos e dedicados, é essencial, intercalando com atividades lúdicas que tornem o processo leve e divertido.

“Observo que meus alunos de turmas de seniores têm sempre cadernos complementares ao livro didático, com esquemas e anotações que favorecem a retomada. Eles gostam de me mostrar as formas com que têm exercitado o inglês fora da sala de aula. Alguns deles escolhem o contato com as músicas, tentando entender o sentido, pesquisando palavras para ampliar o vocabulário. Outros procuram formular frases, colocando em prática as estruturas aprendidas em aula”, conta o professor (aliás, neste post aqui falamos como estudar inglês em casa).

Outro ponto importante é a diferença entre entender e traduzir. “Procuro sempre reforçar essa diferença, porque muitos alunos desta faixa etária trazem consigo vícios de tentativas anteriores de aprender inglês, que muitas vezes eram baseadas em metodologias que hoje percebemos como antiquadas, baseadas na tradução. Reforço que tentar entender, resumir, sintetizar, focar nas ideias e mensagens principais, e não traduzir todas as palavras, pode ser um exercício mais eficiente. E em função da reflexão necessária, tendem a trazer mais aprendizagem”, destaca Bitterncourt.

O professor ainda destaca a relevância da aprendizagem significativa para este público. É importante que os conteúdos trabalhados, e a forma com que as aulas são conduzidas, façam sentido e sejam significativos de fato. Oportunizar a reflexão, trazendo a opinião dos alunos e lhes dando voz.

Confirma alguns relatos de situações descritas por Bitterncourt:

Uma aluna recentemente começou a estudar inglês – está no Communication 1 for Seniors – pois deseja visitar o filho que mora no exterior, e não quer incomodá-lo e nem depender dele. Ela é curiosa, pergunta muito, faz questão de compreender bem. Em casa, ela recorre às músicas, traduzindo algumas (ainda que esteja procurando substituir esse “traduzir” por “entender”) e sempre traz as suas anotações para eu dar uma olhada;

Outra aluna, desta mesma turma, passa todas as anotações de aula a limpo em casa, tendo desta forma dois cadernos, e sempre confirma comigo se o esquema que ela desenvolveu entre uma aula e outra está correto;

Um terceiro aluno, desta vez de uma turma de Fluency 3 for Seniors, gosta muito de aprofundar as tarefas de casa (principalmente aquelas que envolvem produzir uma fala, pesquisa ou apresentação), trazendo sempre dados estatísticos e/ou informações que complementem o que foi discutido em aula. Ele procura sempre participar dos eventos que realizamos na escola, tirando o máximo de proveito de toda a estrutura e suporte que ofertamos;

E por fim, uma aluna do Communication 4 for Seniors que está retornando ao estudo do inglês depois de uma pausa em função da pandemia. Ela chegou à sala de aula totalmente dependente da tradução, da necessidade de entender absolutamente todas as palavras para sentir-se segura. Na nossa última aula, ela relatou como tem sido leve procurar focar na compreensão do todo, e não de cada elemento, e que isso vem tornando o processo de aprendizagem mais fluído. Ela está gostando e muito satisfeita com o seu processo!

 

“Pessoalmente, acho muito satisfatório trabalhar com este público. É muito gratificante ver suas feições e reações quando percebem seu progresso, e quando percebem que as crenças limitantes que, em alguns casos, os impediram de aprender inglês anteriormente não são procedentes”, finaliza o professor.

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