Leitura em outro idioma: saiba os benefícios que este hábito pode trazer ao aprendizado
Ler ou não ler, eis a questão. Você já parou para pensar se as suas leituras estão em dia? Será que, atualmente, com tantos outros recursos tecnológicos, o hábito de ler segue importante no desenvolvimento de diversas competências como o aprendizado de um segundo idioma, por exemplo? O professor de inglês do Senac Alegrete, Rafhael Jaques, esclarece algumas questões sobre a leitura em outro idioma, traz dicas importantes para aqueles que estão investindo no aprendizado de uma segunda língua e conta um pouco sobre o Book Club, projeto implementado na escola.
“Por que devemos ler livros hoje em dia? Tendo como entretenimento coisas como Netflix, Amazon Prime e YouTube, assistir um vídeo ou filme acaba sendo muito mais prático (inclusive, fizemos um post sobre como aprender inglês vendo séries e filmes). Entretanto, existem benefícios na leitura que um filme ou vídeo não proporcionam, mesmo que estejamos assistindo uma obra baseada em um livro”, explica Jaques.
Não deixe de conferir as dicas!
Ler = criar e imaginar
Quando lemos, somos os responsáveis por criar a experiência. Somos nós que elaboramos o cenário, o visual dos personagens e o contexto em que estão inseridos, baseados, claro, nas palavras do escritor. Já os filmes e séries nos entregam quase toda a experiência pronta. Ler é para o cérebro o mesmo que levantar pesos é para os músculos.
Leitura + aprendizado do idioma
Quando estudamos um outro idioma, a leitura é um grande aliado da nossa aprendizagem. Ao praticar a leitura, aprendemos novas palavras, e ao praticarmos a leitura em inglês ou em outro idioma, o nosso vocabulário expande e, consequentemente, a escrita na língua se torna mais fácil.
Com a expansão do nosso conhecimento, podemos dar opiniões mais elaboradas sobre os tópicos lidos e até mesmo em uma conversa no idioma estudado, por exemplo. Nossa vontade de participar de discussões aumenta e temos mais conteúdo para sustentar a conversação.
Leitura x memória
Ler exercita a nossa memória, algo útil não somente na leitura, mas para o trabalho e vida pessoal. Entramos em contato com pessoas diferentes, culturas diversas e distintos períodos de tempo, o que nos ajuda a ser mais compreensível às perspectivas para certos problemas.
Isso é um ponto muito importante quando estamos estudando um outro idioma, pois é necessário entendermos a diversidade que uma língua carrega. Essas habilidades serão úteis quando precisamos dar nossa opinião pessoal sobre tópicos delicados. Aliado a todas essas vantagens, a leitura também aumenta o nosso foco e é relaxante. É uma atividade calma em que passamos um tempo sozinhos e podemos refletir.
O Book Club
Foi pensando nisso que o Senac Alegrete criou o Book Club. Nele, um livro clássico em inglês é escolhido e é feita a divulgação nas salas de aula, convidando todos os alunos, e até mesmo seus amigos e ex-alunos, para participarem de uma reunião mensal. Nessa divulgação em aula, são feitas várias conexões com desafios reais que os alunos terão, como as certificações de Cambridge por exemplo, e como a leitura os ajuda nesse sentido, não só na parte técnica, mas até mesmo lhes dando mais experiência e conteúdo quando é o caso de uma produção escrita ou falada.
O Book Club é mais uma oportunidade para os estudantes praticarem o seu inglês fora de sala de aula, discutindo com os colegas, professores e amigos em um ambiente amigável e confortável.
Encontros do Book Club do Senac Alegrete
As obras escolhidas e o primeiro encontro
Em 2019, a primeira obra escolhida foi “The Old Man and the Sea”, do escritor norte-americano, Ernest Hemingway. Em sequência, os clássicos “Frankenstein”, de Mary Shelley, e “A Christmas Carol”, de Charles Dickens, ambos escritores britânicos.
Após um hiato em 2020 e 2021, o Book Club retornou em maio deste ano. Esta primeira edição foi sobre a obra “Metamorphosis” do escritor boêmio-judeu, Franz Kafka.
Algo engraçado e memorável do primeiro encontro de 2022, após termos discutido toda a obra e refletirmos sobre seu final, quando Gregor Samsa morre, uma aluna comentou “teacher, acho que li o livro errado”. Então, após trocarmos algumas informações, pudemos confirmar que sim, a aluna tinha lido um ‘Metamorfose’ diferente, onde o protagonista não morre. O que não chega a ser um problema, pois o exercício da leitura aconteceu e, também, a prática da fala. Ao trocarmos opiniões e reflexões, a aluna conseguiu perceber que a leitura dela foi diferente dos demais.
Ainda sobre a primeira edição, duas professoras foram convidadas a gravarem um diálogo hipotético, escrito por outro professor, durante o qual se comenta o fato de um dos personagens estarem muito assustados após ‘verem algo estranho’ na casa dos Samsa. A intenção dessa gravação, de cerca de dois minutos, era causar uma curiosidade nos alunos, similar a um ‘teaser trailer‘, uma vez que ela é mostrada em aula.
O reencontro
O segundo encontro foi sobre a comédia satírica “Northanger Abbey” da britânica Jane Austen, no mês de junho. A obra se passa na cidade de Bath, na Inglaterra, e nesta reunião uma das professoras compartilhou que já visitou a cidade e comentou como de fato, assim como no livro, lá as pessoas se banham e bebem a ‘água de Bath’, pois acredita que ela tem efeitos curativos. Foi uma experiência muito rica para os alunos, que tiveram a oportunidade de ouvir experiências reais e expandir seu conhecimento sobre o local por meio dos relatos vivenciados pela teacher.
“Aprende-se muito nas reuniões, pois sempre se fala sobre o ‘background‘ histórico das obras e dos seus autores, sobre suas vidas e, até mesmo, o que os possa ter levado a escreverem os livros da forma como os fizeram. Contrasta-se, por exemplo, a vida traumática de Kafka e Mary Shelley, e suas obras dramáticas, com a não tão violenta vida de Jane Austen e sua comédia em ‘Northanger Abbey’. Assim como compara-se os tubarões do velho e o mar com os fantasmas de ‘Scrooge’ em ‘Christmas Carol’”, explica Jaques.
Para os adoradores de Howard Phillips Lovecraft
Na edição de julho, a obra escolhida foi “The Call of Cthulhu and other horror stories”, do escritor norte-americano, Howard Phillips Lovecraft. Para a ocasião, foram feitos dois tipos diferentes de marcadores de texto com as mesmas imagens dos pôsteres de divulgação da reunião do Book Club.
Dicas para iniciar a leitura em outro idioma
“Aprende-se lendo e uma vez mais conversando sobre o que se leu”.
– Ao iniciar a leitura em outro idioma é importante começar por livros fáceis de ler, com um vocabulário mais simples. “A sua prática de ler no novo idioma está só começando, se você optar por leituras mais robustas e de linguagem mais rebuscada, a sua experiência será desmotivadora”, orienta o professor.
– Uma opção é escolher livros que você já leu em português e reler no novo idioma. Isso deixará o estudante mais confiante para encarar a leitura.
– Evite traduzir o tempo todo e lembre-se que o contexto sempre ajuda a entendermos uma palavra nova. Mas, também, é importante ter acesso ao dicionário no momento da leitura, pois algumas vezes nos deparamos com palavras as quais não é possível entender o seu significado apenas por meio do do contexto da frase. É preciso consultar para não perder algo importante do enredo.
– Tenha paciência e não desista fácil! Ao ler em uma nova língua, é provável que você levará mais tempo do que se estivesse lendo em português.
Rafhael Jaques, professor do Senac Alegrete
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