Outubro Rosa: mitos e verdades sobre o câncer de mama

Por Angela Carla Pothin – Enfermeira e docente do Senac Gravataí

Outubro Rosa foi criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. Todo ano, diversas informações surgem pela televisão, rádios, jornais e internet. Algumas pessoas afirmam que todo mundo já sabe sobre a prevenção e que o assunto já está batido. Porém, é importante questionar: quantas vezes você, mulher, fez o autoexame desde outubro do ano passado? Marcou sua visita de rotina ao ginecologista? Conseguiu, no meio da sua rotina, incluir os exames que o médico solicitou e levou de volta para ele olhar?

O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação de células anormais da mama. Existem vários tipos, alguns têm desenvolvimento rápido enquanto outros são mais lentos. E não é difícil encontrar relatos de pessoas que superaram o câncer porque o diagnóstico chegou a tempo. Outras superaram, mas perderam a mama e aí a luta da autoestima é uma nova batalha a vencer. É importante se colocar no lugar de quem já passou ou está passando por este dilema. Você, mulher, esposa, mãe, profissional, com vida ativa, feche os olhos e se imagine olhando no espelho despida de suas roupas, em um primeiro momento sozinha. Em um segundo momento, com seu companheiro (a) ao lado, observe suas faces, suas expressões. Agora, além de estar despida, imagine no lugar do seu seio, a falta dele, com uma cicatriz no lugar. Observe novamente suas faces. 

Sim, é uma visão forte, são palavras duras. Por isso, volto a te perguntar: por que então, nós mulheres, muitas acostumadas a cuidar dos filhos e maridos, negligenciamos a nós mesmas? Pela sua saúde física e mental, será que não vale a pena uma vez por mês fazer, antes ou depois do banho, o autoexame? Sabemos que ele não é decisivo, mas ajuda a identificar alterações no seio precocemente e mais rapidamente. Ter um tempo para si mesmo deve ser um hábito, pois a chance de cura quando se descobre no início é de 95%. 

A campanha do Outubro Rosa é muito relevante, mas para além do mês de outubro. Durante todos os meses converse com outras mulheres sobre os cuidados, fale sobre a saúde da mulher com suas amigas, irmãs, mães, tias e colegas de trabalho. Cuidado e carinho nunca são demais, se cuide e de quem você ama.

Caso identifique alterações em sua mama, o passo seguinte é consultar um médico e informar a ele sobre. O profissional da saúde irá realizar um exame físico mais minucioso e indicar ou não exame de imagem para complementar e fechar um diagnóstico. É importante que você saiba que a mamografia tem a finalidade de investigação de lesões suspeitas da mama e pode ser solicitada em qualquer idade, a critério do médico. É um tipo de exame como um raio-x e é realizado em um equipamento denominado mamógrafo. Durante a realização do exame, a mama da paciente é comprimida entre duas placas de acrílico, para permitir uma melhor visualização das estruturas da mama. Por meio desse procedimento, é possível detectar lesões benignas e cânceres em estágio ainda inicial, possibilitando a detecção de nódulo.

Existem muitos mitos e verdades que alimentam o medo de algumas mulheres a não realizarem a mamografia. Vamos desmistificar e acabar com as desculpas para não realizar o exame: 

Sou muito jovem para o exame? 

Já conversamos aqui que o câncer pode acometer mulheres jovens e que, por isso, há órgãos que recomendam a realização da mamografia de rastreamento anual. Aqui no Brasil, mulheres a partir de 40 anos tem amparo na Lei 11664/2008 e podem solicitar a mamografia de rastreamento apesar da falta de recomendação do Ministério da Saúde. 

Na sua família ninguém tem ou teve câncer de mama então você não corre riscos?  Se na sua família alguém teve câncer de mama, em especial se for mãe ou irmã, você corre mais risco. Mas a maioria das mulheres que têm câncer de mama, em média 85%, não têm histórico familiar.

A radiação emitida pela mamografia é perigosa e cancerígena? 

Os raios utilizam um feixe de baixa energia. Após a mama ser comprimida entre duas placas de acrílico, a exposição à radiação é mínima, considerando que o serviço de imagem utilizará nas pacientes equipamento de proteção de outras áreas sensíveis, a exemplo da tireóide.

Mamografia.

Tenho medo do diagnóstico ser positivo para câncer de mama? 

Cerca de 80% dos nódulos encontrados no autoexame tendem a ser benignos. A mamografia vai mostrar a lesão que já está lá e quanto mais recente for diagnosticado, menos traumático o tratamento será.

A mamografia é muito cara.

Não, na rede particular, custa em média R$ 150,00 sem falar que toda mulher atendida pelo SUS não paga pelo exame. Existe amparo legal para a marcação e realização deste exame e a mamografia é coberta por todos os planos de saúde.

Dói muito fazer a mamografia? 

Trata-se de um exame rápido, mas a pressão exercida pelo mamógrafo na mama é gradual e controlada. Se tratando de dor, é um limiar que dependerá da sensibilidade e tolerância individual. No geral, as mulheres sentem desconforto tolerável, mas há dicas que poderão ajudar a tolerar melhor: agende seu exame após sua menstruação, as mamas estarão menos sensíveis; você poderá tomar um analgésico leve momentos antes do exame, conforme recomendação médica; deixe que o profissional técnico em radiografia saiba que você pode ser mais sensível a dor.

Você não tem nódulos nas mamas e acha que não precisa fazer a mamografia? 

Existem indícios que a mamografia pode encontrar pequenos nódulos de 1 milímetro três anos antes de ser palpável. Isso aumenta a chance de cura total e menor trauma do tratamento em 95% dos casos.

Não tem tempo de ir ao médico, marcar e fazer exame e ainda voltar nele para mostrar os resultados? 

O tempo médio gasto na consulta é de 30 minutos, na realização do exame 20 minutos, vamos exagerar e incluir tempo de espera de seis horas para cada etapa? Agora imagine o tratamento, quanto tempo você terá que ter disponível? Será que não é melhor “perder” tempo indo ao médico do que “perder” tempo em tratamentos se você ficar doente?

Você tem seios muito grandes ou muito pequenos? 

O tamanho da mama não importa para o mamógrafo, ele é eficaz e conforme conduta médica poderá ser realizada outros exames complementares como ressonância magnética.

Você cuida bem da saúde alimentando-se bem e fazendo atividades físicas regulares e acha que não corre riscos? 

De fato, uma dieta balanceada e vida saudável diminuem drasticamente os riscos, mas não eliminam completamente e é fundamental que você continue sendo responsável pela manutenção da sua saúde, visitando o médico regularmente para que ele, na condição de profissional da saúde, faça uma avaliação mais minuciosa. 

Vale a pena reforçar que os principais fatores de risco que se relacionam ao aumento do desenvolvimento do câncer de mama são: o fato de ser mulher; a idade (acima de 50 anos); histórico familiar, parentes que já tiveram a doença; não ter filhos ou ter depois dos 30 anos; consumo de álcool; excesso de peso; falta de exercícios físicos e ciclo menstrual (mulheres que começaram a menstruar cedo – antes dos 12 anos ou que entraram na menopausa após os 55 anos – têm risco ligeiramente maior de ter câncer de mama).

Cuide da sua saúde, só você pode fazer isso.

Outubro Rosa - cuide da sua saúde.

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