Inspiração dentro e fora de campo: a liderança de Tinga
Com o passar dos anos, aquela tradicional imagem de chefe foi substituída pelo conceito de liderança, que abrange características muito mais complexas sobre o ser humano e suas relações. A procura por capacitações na área cresceu, assim como a oferta de cursos pelas instituições. Mesmo aqueles, como o Tinga, que têm o dom natural da liderança, também buscam se aperfeiçoar e se atualizar.
Pesquisa aponta mudanças com a pandemia
E a pandemia transformou as dinâmicas não só nos lares, mas também nas empresas. Uma pesquisa do PageGroup, realizada em parceria com o Centro de Liderança da Fundação Dom Cabral, ouviu 230 executivos em janeiro deste ano que, entre os diversos pontos analisados, destacaram características como a maior atenção às habilidades estratégicas, soft skills (gestão de pessoas e competências interpessoais), habilidades criativas, tecnológicas, entre outras.
Segundo o diretor geral da Page Executive, Ricardo Basaglia, para ser um líder bem-sucedido neste momento o autoconhecimento, adaptabilidade, ambiguidade e atitude são elementos fundamentais. Além disso, o diretor também enfatizou o engajamento e a autonomia da equipe geral para que haja maior produtividade.
A história de Tinga – referência no campo e no mundo dos negócios
Paulo César Fonseca do Nascimento, mais conhecido como Tinga, 43 anos, é bastante conhecido no universo do futebol, mas desde que se aposentou dos gramados, ele também é lembrado por ser uma inspiração dentro e fora de campo. Seu espírito de liderança transcende as quatros linhas, tornando-se também referência para o mundo dos negócios.
O fato é que a trajetória profissional e pessoal de Tinga se confundem, já que muitos dos aprendizados que adquiriu no esporte são praticados diariamente na sua carreira como empreendedor e palestrante e, claro, na vida social e em família. Segundo o ex-jogador, alguns princípios que foram absorvidos no futebol são hoje aplicados naturalmente. “O principal, com certeza, é a relação com as pessoas, pois no futebol convivemos com pessoas de lugares diferentes. Os jogadores de futebol, desde a formação até o profissional, são pessoas com histórias, culturas e realidades muito distintas. Além disso, saber gerenciar perdas e ganhos é importante e no futebol esse processo é acelerado”, explica.
Para entender melhor, Tinga faz um paralelo entre as consequências de perdas e ganhos dentro do esporte em relação a uma organização. “No domingo, se você perde, você é ruim; na quarta, se você ganha, você é bom; no outro fim de semana, você já é mais ou menos. Ou seja, ao mesmo tempo que você é idolatrado, você também é criticado. Diferentemente de uma organização, esse retorno leva mais tempo. Dentro de uma empresa, a avaliação não é semanal e de maneira imediata”, aponta o ex-jogador.
“Porque o líder, na verdade, é aquele que inspira, aquele que é admirado”
Quando questionado sobre a diferença entre um chefe e um líder, Tinga é taxativo. “É muito diferente. Primeiro que o chefe, na maioria das vezes, foi colocado ali. Foi uma determinação de que você é um chefe. Mas isso não quer dizer que o chefe é ou será um líder. No futebol, por exemplo, o capitão nem sempre é a maior referência de liderança para o seu time. Ele pode ser o capitão porque foi escolhido pelo treinador ou qualquer outra pessoa que tenha autonomia para escolhê-lo como capitão. Mas, daqui a pouco, as ações dele não são as melhores ou as que um líder deve ter.
Às vezes, tem um cara ali que está jogando, não está com a faixa de capitão, mas que tem a importância de um líder – a tomada de decisão, que inspira as pessoas. Porque o líder, na verdade, é aquele que inspira, aquele que é admirado. Todos os líderes que eu escolhi para liderar na minha vida, eu admirei eles. Porque se você não é admirado, você não é líder. Esse é um princípio – tem que admirar de alguma forma, ou o trabalho dele, ou a carreira ou como ele lida com as suas coisas”, enfatiza.
“Quem escolhe o líder não é o presidente da empresa. Na verdade quem escolhe o líder são os seus liderados e de forma natural”
Para Tinga, o líder deve ser uma inspiração a partir daquilo que ele faz e não pelo o que ele fala. Isso porque, muitas vezes, as pessoas acham que liderar é falar “bonito” ou “dar aula” sobre determinado assunto. Segundo ele, as palavras até podem comover, mas o que arrasta a multidão mesmo são as ações, as atitudes.
“O que eu vejo como algo extremamente importante é a prática, a lealdade, a disciplina com os seus liderados, a proximidade quando as coisas não dão certo. Então é isso que vai mostrar se você realmente é um líder. Se é alguém que aponta o dedo e diz quem errou ou aquele cara que assume a responsabilidade como um grupo, sem apontar o dedo para ninguém. São esses detalhes que realmente vão fazer a diferença e vão fazer as pessoas te admirarem e, principalmente, identificar que você é o líder. Quem escolhe o líder não é o presidente da empresa, na verdade quem escolhe o líder são os seus liderados e de forma natural. Ou seja, com o tempo você vai se tornando líder e as pessoas vão se espelhando em ti, te admirando”.
“Ninguém é tão bom que não tenha feito nada errado. E ninguém é tão ruim que não tenha feito nada bom”
Ao longo do tempo, Tinga foi criando referências e admirando pessoas que, para ele, tornaram-se líderes em diversos aspectos da sua vida. Entretanto, ele afirma que eles não determinam o que você faz do início ao fim, mas sim que é preciso absorver o ponto de um e de outro ali. Quando o assunto é solidariedade, ele cita Dunga como seu maior exemplo em ações sociais. Já quando se trata de gestão de pessoas, Tinga aponta Tite, atual técnico da Seleção Brasileira de Futebol. Mas, na vida, a maior líder e mentora de Tinga é a sua mãe, dona Nadyr. “Costumo dizer que a minha mãe foi a minha líder sem dizer uma única palavra. Tenho vários líderes, e todos de alguma forma contribuíram para que hoje eu estivesse dentro das organizações falando sobre liderança”, destaca.
“Com a minha mãe, eu entendi que era através do trabalho que eu teria a oportunidade de transformar a minha vida”
Quando o assunto é administrar os clubes de futebol como empresas, Tinga tem uma visão bem particular sobre o tema. “A verdade é que eles tentam, mas não estão conseguindo. Entendo que a “empresa futebol” é única. Mas por que ela é única? Eu costumo brincar que ela é uma empresa da “pirâmide invertida”. Porque não existe nenhuma empresa em que o funcionário/colaborador ganha 1 milhão e o presidente não ganha nada. Não existe nenhuma empresa que o protagonista é o funcionário. Se o funcionário não for, as coisas não acontecem. Como é que você inspira esse cara que é o protagonista com o talento dele? Então, é algo bem complexo. Não é nada comum como uma empresa normal”, explica o ex-atleta.
“Porque eu sei que a grande base da transformação é a educação, é o conhecimento, é a busca por repertório de pessoas diferentes. É uma troca muito legal”
Por fim, quando questionado sobre a importância da sua parceria com o Senac, Tinga destaca que a maior lição que ele tira é todo o aprendizado que ele adquire quando participa de algum evento ou ministra alguma palestra. “Me sinto muito feliz de fazer parte de alguma forma, seja nos eventos ou na contribuição de algum conteúdo, porque eu sei que a grande base da transformação é a educação, é o conhecimento, é a busca por repertório de pessoas diferentes. É uma troca muito legal”, finaliza.
E você se identificou? Acredita ter perfil para liderar? Não precisa ter sido jogador de futebol para aperfeiçoar e apostar nessa habilidade. Não fique parado no tempo. Todas as áreas têm seus desafios e a capacitação é sempre o melhor caminho! Confira os cursos do Senac na área!